sexta-feira, 27 de maio de 2016

Feministas do Inferno

Faz um tempo que eu tenho vontade de escrever sobre a posição inferior da mulher na sociedade, mas eu fico incomodado de não ser mulher e estar falando de algo que eu não vivo, de algo que eu não sou, e isso é coisa de jornalista. Quando eu falei do Dia intergalático das mulheres acabei percebendo que é uma grosseria um homem tratar de assuntos que envolvem as mulheres, essa é minha principal crítica ao ministério do governo provisório do Mike Fear. Mulheres não fazem falta? Cada um tem sua opinião, mas já imaginou sua mãe em pé na frente do vazo te ensinando a balançar? É uma ideia esdrúxula, eu sei! Tua mãe não tem pau, assim como nenhum ministro homem sabe o que é sofrer assédio sexual.
Mas minha crítica maior é sobre o crescimento do "religiosismo" que, no centro da maioria das religiões, traz a submissão da mulher ao homem como um ponto forte, muito forte. Se você está pensando que a sua religião não é assim então tente sair da sua bolha por um instante e analise com atenção se não existem alguns itens um tanto machistas, faça isso.
Sobre o aborto eu não gosto nem de passar perto de discussões. Como que um bando de homens, religiosos e retrógrados poderão decidir o que é socialmente e pessoalmente correto para uma mulher? Pra mim também não faz sentido a "sociedade" regrar uma coisa que é escolha pessoal...
Eu tento ser um feminista do inferno, que além de defender as igualdades entre homens e mulheres (dentro dos limites das diferenças físicas), ainda costumo apontar ao absurdo machismo da religião. Acredito que o homem deve realizar as tarefas mais pesadas, porque é mais forte, mas a mulher tem o direito de realizá-las também, se assim decidir.

Bom, e o ponto mais sensível é, obviamente, a cultura do estupro, não porque uma menina foi estuprada por 30 (!!!???!!!ainda não caiu minha ficha!!!???!!!), mas porque a cultura do estupro é a nossa cultura, os homens são criados com uma mentalidade machista e a propagam para seus filhos, suas filhas, esposas, ex-esposas, amantes, empregadas, secretárias, vizinhas, etc. Homens são machistas porque foram ensinados assim, e as mulheres também são machistas porque são criadas na mesma sociedade.
Culpar a vítima não é machismo, é vilania, porque tem que ser do mal pra achar que ela teve culpa.
Vilipendiar o estuprador não é machismo, é burrice, porque acreditar que ele se tornou um monstro é ignorância, os homens nascem numa sociedade machista, todos são monstros, ser estuprador é detalhe. A culpa desses trinta e poucos atentados à vida dela é nossa, esses homens são o produto da nossa sociedade, muitos outros estão prontos para fazer o mesmo.

(P.S. 1: Agora os machões que lerem isso vão querer bater em mim porque não são machistas... velho, eu sou quase uma lady e sou machista pra caralho, imagina quem acha que não é. As mulheres que me cercam também são machistas, até algumas feministas, mas porque somos condicionados a isso desde sempre.)

(P.S. 2: Mulheres feministas, peço que sejam um pouco menos agressivas com desconhecidos, nem todos homens são tão vermes. Há um tempo eu me prestei a tentar ajudar um grupo de feministas a arrastar um móvel em um evento feminista, depois de eu ter colocado os bofes pra fora quase fiquei com hipotermia por causa dos olhares frios que recebi, e um "muito obrigado" ficou só na minha imaginação, gosto de pensar que elas agradeceram mentalmente e eu fui incapaz de captar.)

(P.S. 3: A coisa mais absurda da nossa sociedade é aceitarmos a Verão, da cerveja, ou a campanha de marketing que diz pro homem ouvir as suas bolas. Esse tipo de coisa que recebemos via TV, rádio, jornal e internet é o fim, é percebendo essa complacência que eu me pergunto se não somos nós (sociedade) os estupradores daquela menina.)

Cara, isso me enjoa demais, esquece o Dramin, me vê uma estricnina.