quinta-feira, 2 de outubro de 2014

DEMOcracia

Ao meu ver, utilizar-se da fé das pessoas para compor número de votos e assumir um cargo público é antiético e caracteriza uma posição aristocrática. Se alguém disser o contrário é melhor parar um pouco e refletir bastante, porque mesmo que não nos agrade em certos casos, a democracia deve ser construída com a participação de todo o povo, dos crentes, dos ateus, dos satanistas, dos trabalhadores, dos empresários, dos presidiários, dos estudantes, dos aposentados, dos nem-nem, dos heterossexuais, dos homossexuais, dos emo, dos brancos, dos pretos, dos vermelhos, dos amarelos e dos verdes, caso venham a invadir a Terra.
A democracia não é uma coisa do DEMO, muito menos de DEUS! A democracia precisa de um Estado laico e igualitário, mas com pastores no governo gera-se uma barreira para a democracia. É diferente da dualidade "patrão x empregado" pois, nesse caso, sem o empregador, o funcionário fica sem emprego, sem salário, sem garantias impostas por lei, e sem o empregado, o patrão é apenas um visionário falido. Na dualidade "crente x não-crente" não há necessidade de cooperação, não há lucro nesse relacionamento.
A maior prova de que Deus não deve nos governar na política é que o seu Deus é diferente do meu. Por ser uma crença, ele pode assumir a forma que for, pode estar em qualquer lugar e pode querer que eu mate, persiga ou beneficie qualquer pessoa, classe, credo ou comportamento.
Nas igrejas há mais homogeneidade nas crenças porque quem a procura precisa completar as lacunas e está aberto para aceitar "a palavra", assim, no fim do culto, todos saem com crenças semelhantes. E eu acho que quem se aproveita dessa posição ARISTOCRÁTICA para indicar um candidato deveria responder por crime eleitoral, além de ser proibido de pregar daí em diante.